Não existe personagem na política, com trajetória longeva, que não tenha contas a pagar com o eleitorado. Erros e acertos formam a imagem, e imagem é um componente cuja percepção varia a cada eleição. Tudo depende do contexto e dos adversários.
Por mais que não ita, André Moura pagou um alto preço de imagem pela decisão de fazer aliança com Eduardo Cunha e topar liderar o encaminhamento do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Foi líder de Temer, conseguiu vultosos recursos para Sergipe, mas ficou marcado pelo eleitorado mais crítico e de classe média.
Eleitorado esse que também condenou Valadares Filho, mas depois parece tê-lo perdoado. O ex-deputado votou no impeachment, mas reconciliou-se com os eleitores progressistas quando foi candidato de Lula ao Senado, em 2022. Ficou como o segundo mais votado.
Chegou a vez de André? Será interesse dele dialogar com esse setor da sociedade?
Outro “calcanhar de Aquiles” que André Moura enfrenta são as acusações de corrupção que o perseguem. Toda eleição, elas vêm à tona. Ele garante ter se livrado de todas nos processos que respondeu.
Um aspecto que chama atenção diante dessa cruzada contra André é que não são poucos os personagens da política que sofreram acusações e, com diferentes estratégias, conseguiram manter consecutivas vitórias eleitorais.
Exemplos não faltam, no âmbito local e nacional, para contextualizar superações e a permanente trajetória de vitórias. Não é uma acusação que necessariamente tira o personagem do páreo eleitoral. O que define é a forma como se lida com a acusação e suas consequências.
Jackson Barreto sofreu intervenção e voltou como herói, ando de 1985 a 1996 como líder imbatível em Aracaju. João Alves teve o filho e assessores presos na Operação Navalha, deflagrada em maio de 2007. Contudo, em 2010, foi adversário competitivo contra o então governador Marcelo Déda e, em 2012, elegeu-se prefeito de Aracaju. Nestes dois casos, Jackson Barreto e os alvos da Navalha conseguiram vencer judicialmente as acusações, sendo inocentados.
Em toda eleição, André Moura aparece como pauta quando o assunto são acusações de corrupção. Para 2026, no entanto, ele decidiu antecipar a abordagem do tema: “escancarou seu telhado de vidro” e, nas duas últimas semanas, fez um périplo por emissoras de rádio, afirmando que não tem pendências judiciais e que, ao contrário de 2022, não será obrigado a abandonar a disputa por risco de impugnação.
André Moura é sempre nome forte. Em 2018, mesmo com todos os problemas de imagem, foi o terceiro colocado na disputa para o Senado. Quatro anos depois, elegeu a filha, Yandra Moura, com votação histórica. Em 2024, ousou voo solo na capital, com Yandra disputando a Prefeitura de Aracaju — e deu trabalho.
Sua força eleitoral e sua capacidade de aglutinação junto a lideranças políticas explicam o fato de ser, até agora, o único nome confirmado na chapa majoritária de Fábio Mitidieri como candidato ao Senado.
André é resolvedor de problemas e artífice de articulações políticas no Rio de Janeiro.
Resta saber se a estratégia que adotou para si o ajudará a superar seu desafio pessoal: esvaziar o uso das tais acusações e tratá-las como “coisas do ado”.
É aguardar e perceber como o eleitorado reagirá. Uma coisa é certa: ele fará de 2026 “a eleição da sua vida”.
NOTAS DA SEMANA
Com cautela
Alessandro Vieira e Edvaldo Nogueira são os outros dois nomes do agrupamento de Fábio Mitidieri que brigam pela indicação da segunda vaga. Ambos reagiram com cautela ao anúncio e à definição do governador, que reafirmou que uma das vagas é de André. Como dizem: cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
Edvaldo segue focado
O ex-prefeito de Aracaju segue focado em ser candidato ao Senado. Ele reafirmou essa intenção no início do mês, durante o evento ‘Sergipe é Aqui’, realizado na cidade de Simão Dias. Na ocasião, ao ser questionado para a Domingueira, Edvaldo afirmou que o PDT decidiu pela disputa do Senado com seu nome.
Exclusivo: Jeferson pode ir para o União Brasil
O presidente do União Brasil, André Moura, revelou com exclusividade para a Domingueira que convidou o presidente da Alese, Jeferson Andrade, a se filiar ao União Brasil. A intenção, claro, é fortalecer a agremiação na chapa majoritária de 2026.
Exclusivo: Jeferson pode ir para o União Brasil II
Jeferson Andrade esteve com André Moura na última sexta-feira, quando almoçaram juntos no tradicional restaurante O Miguel. Em determinado momento, eles e aliados “brindaram” o fechamento da aliança. O prefeito de Cedro de São João, Neudo Alves, e o deputado estadual Kaká Santos testemunharam, brindaram e comemoraram junto a André e Jeferson.
Evitar chapa “puro-sangue”
A saída de Jeferson do PSD, partido do governador Fábio Mitidieri, tem a intenção também de evitar a formação de chapa puro-sangue. Resta saber se o jogo está combinado com o governador.
Priscila Felizola vice
Fábio Mitidieri foi questionado em Lagarto sobre a posição do deputado federal licenciado Fábio Reis, que lançou o nome de Priscila Felizola como possível vice do governador em 2026. Mitidieri enalteceu o fato de ter opções. O questionamento foi feito pelo colega Aclécio Prata, da 102 FM.
Fábio enaltece gesto de Sérgio Reis
O governador também foi questionado sobre a postura do prefeito de Lagarto, Sérgio Reis (PSD), que procurou seu maior adversário político, o deputado federal Gustinho Ribeiro, para pedir o envio de recursos de emendas para a cidade. Fábio falou com alegria sobre o gesto.
Gustinho preferiu a miudeza
O deputado federal Gustinho Ribeiro (Republicanos), a princípio, tentou amenizar os efeitos do fato histórico. Na quinta-feira, em entrevista à coluna Bastidores, ele falou da agilidade, confirmou o recebimento do ofício e garantiu o envio de recursos. Mas, não satisfeito, saiu do equilíbrio e, na sexta-feira, concedeu nova entrevista e partiu para a “miudeza”.
Gustinho preferiu a miudeza II
Gustinho afirmou que Sérgio premeditou a ida ao gabinete e que teria chegado lá gravando, na expectativa de não ser recebido. Enquanto todos enalteciam o gesto, com prefeito e deputado sendo elogiados nas redes sociais, Gustinho, em vez de se colocar como protagonista e se apresentar como o parlamentar que superaria a histórica divergência em nome do povo, preferiu partir para a miudeza. Lamentável.
Relembre o vídeo que viralizou em postagem da Coluna Bastidores – Por Narcizo Machado:
I das Multas, nova data
Já fazem três semanas que o vereador Isac Silveira (União Brasil) protocolou o pedido de I para investigar o uso de verbas arrecadadas com multas de trânsito. Na semana ada, houve a expectativa de que a comissão fosse implantada, mas o presidente Ricardo Vasconcelos precisou viajar novamente. Agora, surge a informação de que, na próxima terça-feira, 29, o requerimento, enfim, será lido e que a efetivação da I não deverá ar da semana seguinte ao feriado do início de maio.
Patrimônio vultuoso de Lequinho
O ex-vereador de Umbaúba, Alexsandro Prado, conhecido como Lequinho, foi preso na operação da Polícia Federal que investiga fraudes contra o INSS.
Ele é esposo da ex-vice-prefeita da cidade, Professora Guadalupe. Segundo informações surgidas após a prisão, Lequinho apresentou um crescimento vultuoso de patrimônio nos últimos anos. Fala-se em fazendas compradas em Sergipe e no Maranhão. Comprovadas as acusações, ficará a lição: “o crime não compensa”.
Árvores por Francisco
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) organizou, neste sábado, 26, um ato simbólico em homenagem ao Papa Francisco.
O plantio foi realizado no Assentamento Quissamã, em São Cristóvão. Quem prestigiou o evento foi o senador Rogério Carvalho.
Rogério sem objeções
O senador Rogério Carvalho tem dado sinais cada vez mais claros de que pretende uma reaproximação com o governador Fábio Mitidieri. Em entrevista concedida ao Jornal da Fan, na última sexta-feira, ele reafirmou não ver problemas no retorno do diálogo político com o governador.
Na “tendência” de Lula
Na entrevista, Rogério Carvalho também revelou que já teve o “aval” de Lula e Gleisi Hoffmann para voltar a militar internamente no PT, na tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), que é a corrente ligada a Lula. A CNB em Sergipe vinha sendo liderada pelo senador Márcio Macêdo.
Márcio preferiu não comentar
O ministro Márcio Macêdo esteve na última sexta-feira em Aracaju para um evento que debateu os desafios do transporte no Brasil e, mais especificamente, em Sergipe. Ao final, Márcio foi questionado sobre as sinalizações que o senador Rogério Carvalho tem dado de reaproximação com o governador Fábio Mitidieri.
O ministro preferiu uma resposta mais generalista e evitou enfrentar diretamente o tema.
Rogério e Márcio na mesma tendência?
Procuramos o ministro Márcio Macêdo para tentar uma declaração para a Domingueira sobre a ida ou o retorno de Rogério para a tendência CNB. Rogério será candidato à presidência do partido e quer voltar para a tendência de Lula, como afirmado acima.
Márcio e sua assessoria não foram localizados para se posicionarem.
Poder de articulação
A 46ª edição do Sergipe é Aqui, realizada em Lagarto, na sexta-feira, 25, evidenciou a habilidade de articulação política do governador Fábio Mitidieri, que reuniu uma ampla frente de lideranças estaduais e regionais no principal município do Centro-Sul sergipano. A presença expressiva de secretários, deputados, prefeitos e ex-governadores reforçou o prestígio do governador e sua capacidade de mobilizar aliados em torno de ações concretas de governo.
Poder de articulação II
O prefeito Sérgio Reis, anfitrião do evento, destacou a parceria com o Estado para levar melhorias para Lagarto e agradeceu ao governador pela parceria e fidelidade.
“Estar prefeito de Lagarto não é um fato fácil, e cheguei aqui com apoio e trabalho. Minha gratidão pelos conselhos, apoio e lealdade ao projeto”, disse.
Escola Modelo
Ainda durante a agem do Sergipe é Aqui por Lagarto, o governador Fábio Mitidieri acompanhou a de um protocolo de intenções entre o Banese e a Prefeitura de Lagarto para viabilizar a construção de uma Escola Modelo no município. A iniciativa, articulada junto ao prefeito Sérgio Reis e ao presidente do Banese, Marco Queiroz, terá apoio da Secretaria de Estado da Educação, comandada por Zezinho Sobral, e reforça o papel estratégico do banco estatal no fomento a projetos estruturantes em parceria com gestões municipais.
Obras da SE-438
O Governo do Estado iniciou a reconstrução da SE-438, em Capela. Com investimento de mais de R$ 6 milhões, as obras incluem ponte, pavimentação e terraplenagem em trecho afetado pelas chuvas. Enquanto os serviços seguem, vias como a SE-339 e SE-226 servirão de alternativas para o tráfego.
